20 anos da Internet

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20 ANOS DE INTERNET.BR

Quer saber mais sobre os 20 anos da internet? Já que você está acessando o site da Folha pelo celular, ligue antes para o número (11) 3224-3917 e conheça o serviço que, 55 anos antes do Google, já ajudava as pessoas a saber quanto tempo dura a vida de uma pulga.

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20 anos da Internet

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Bem-vindo a 1º de maio de 1995. Você não entrou no Facebook nem viu mensagens no WhatsApp ou tirou dúvidas no Google. Nada disso é possível, já que esses serviços só serão lançados ao longo dos próximos 20 anos. Mas já dá para, ao menos, acessar a internet e mandar um e-mail.

Naquele dia, começou a ser oferecida no Brasil a conexão comercial à rede mundial de computadores, abrindo para pessoas comuns as possibilidades já disponíveis para acadêmicos e pesquisadores.

Nesta página, com formato inspirado no desenho do site que a Folha viria a lançar dois meses depois, em julho de 1995, você vai conhecer os pioneiros da rede no Brasil e saber como os internautas mudaram nessas duas décadas.

ERA SOCIAL

Até hoje sou abraçada na rua, diz nutricionista do 'sanduíche-iche'

MINHA VOZ... Ruth Lemos em sua inesquecível entrevista ao vivo à Globo

DIEGO IWATA LIMA
DE SÃO PAULO

A internet tem incontáveis utilidades, digamos, sérias. Mas também mudou muito a maneira como a humanidade passou a rir. Não por acaso, muitos comediantes que surgiram nas duas últimas décadas começaram a fazer sucesso na rede antes de migrarem para outras mídias.

Os memes surgiram praticamente ao mesmo tempo que a internet no Brasil. Não eram chamados por este nome, inicialmente. Mas, desde as primeiras trocas de e-mail, piadas, imagens e até mesmo alguns vídeos já eram enviados entre os usuários, a despeito da precariedade das conexões discadas daqueles primeiros anos.

O impulso final para a propagação dos memes, no entanto, veio mesmo em 2005, quando o YouTube começou a operar e as redes sociais, em especial o Orkut, se popularizaram por aqui.

A possibilidade de se hospedar vídeos em uma plataforma amigável foi o impulso que faltava para que alguns memes viralizassem irreversivelmente e ficassem conhecidos em âmbito nacional.

Caso por exemplo do vídeo com uma dublagem tosca de um episódio da série de TV "Batman", dos anos 1960, que ficou conhecido como o "Batman da Feira da Fruta", devido à trilha sonora usada para musicá-lo. Originalmente, o vídeo, produzido por dois estudantes paulistanos nos anos 1980, estava em uma fita VHS, que passava de mão em mão e havia saído do controle dos seus autores em 1985.

Também foi o YouTube que transformou em personagem conhecido um transeunte que se apresentou como "Mario Darius", no início dos anos 1990, no centro do Rio de Janeiro. Abordado por uma equipe do programa "Documento Especial", da extinta Rede Manchete, o homem que dizia ser advogado ("adEvogado", na verdade) e parecia estar embriagado, discorreu sobre a política nacional, relações internacionais, hábitos do então primeiro casal nacional Fernando Collor e Rosane Malta, além das preferências sexuais e da índole do brasileiro.

Outros memes nasceram como fitas cassetes, que eram vendidas nas ruas por camelôs, bem antes de os computadores pessoais se tornarem populares.

Foi assim que o advogado fluminense "Luiz Pareto", morto em 2006, aos 91 anos, começou a tornar-se celebridade, ao ser vítima de um trote quando achou ter ligado para a extinta Telerj, nos anos 1980, para solicitar um reparo.

SANDUÍCHE-ICHE

Talvez ninguém tenha se tornado celebridade tão rápida e amplamente no Brasil, graças a um meme, quanto a nutricionista Ruth Lemos, protagonista do vídeo do
"Sanduíche-iche", de 2005.

Em entrevista a uma afiliada pernambucana da rede Globo, Ruth, 60, foi vítima do delay no ponto eletrônico que usava para ouvir as perguntas dos jornalistas que estavam no estúdio e passou a gaguejar nas respostas. Mesmo assim, e rindo da própria situação, Ruth foi até o fim da entrevista, transformando-se em um involuntário personagem cômico.

"Eu só assisti ao vídeo anos depois, em entrevista ao Jô Soares", contou à Folha, Ruth. "Não é nem que eu tinha vergonha, mas eu achava que aquilo não havia sido bom para mim. Então, por que assistir?", diz.

Ruth, membro do Conselho Federal de Nutrição, até tentou aproveitar a repentina fama para se lançar candidata a deputada estadual em 2006 em Pernambuco. Não se elegeu.

"Eu não sei se o vídeo me atrapalhou ou me ajudou na campanha. Porque, ao mesmo tempo em que me tornou conhecida, me ridicularizava um pouco", diz. "Mas é engraçado como aquilo ficou marcado para as pessoas. Até hoje há crianças que me reconhecem e me abraçam nas ruas", conta a nutricionista.

TAPA NA PANTERA

"No começo, a Maria Alice [Vergueiro] ficou chateada. Ela dizia: 'Tenho 50 anos de teatro, e agora sou conhecida como a avó maconheira da internet' ", conta, entre risos, o cineasta Esmir Filho, um dos diretores do famoso "Tapa na Pantera".

"Eu tenho muito orgulho de ter esta obra na minha filmografia", ressalta o diretor.

"A gente já conhecia a Maria Alice de um curta-metragem que havíamos feito. Algo bem legal do 'Tapa na Pantera' é que a gente chegou na casa dela e já encontramos no personagem", relembra-se Esmir, cuja ideia inicial era gravar uma peça para o Festival do Minuto.

Na edição, a meia-hora de conversa com a atriz se tornou um vídeo de pouco mais de três minutos, colocado na internet à revelia dos seus autores e da protagonista.

"Foi por meio da divulgação do nosso trabalho sem autorização na internet que eu fiquei conhecendo o YouTube", revela Esmir.

Ao mesmo tempo em que me tornou conhecida, me ridicularizava um pouco

Ruth Lemos, nutricionista que virou celebridade