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Glossário

O samba de A a Z

A

Afrossambas- Iniciada com "Berimbau" em 1963, a série de 11 músicas distanciou os autores, Baden Powell (1937-2000) e Vinicius de Moraes (1913-1980), da bossa nova, aproximou o poeta da temática do candomblé e firmou o violonista como um dos mais originais compositores e instrumentistas brasileiros.

Amaxixado- Quando composições começaram a ser chamadas de samba, elas ainda eram maxixes. São os casos de "Pelo Telefone" (Donga/Mauro de Almeida) e das criações de Sinhô (1888-1930). Tempos depois, surgiu a expressão "samba amaxixado" para classificá-las.

B

Balanço - O sambalanço é feito para dançar, originalmente (década de 1950) tocado em bailes por conjuntos como o do organista Ed Lincoln (1932-2012). A partir dos anos 1960, recebeu influência da música negra americana.

Bandido - Pejorativa, a expressão sambandido foi criada para rotular o estilo de Bezerra da Silva (1927-2005), que cantava com humor e sem lirismo o cotidiano das favelas: violência, drogas, policiais corruptos, políticos aproveitadores.

Bossa nova - O ponto de partida é a gravação de "Chega de Saudade" (Tom Jobim/Vinicius de Moraes), em 10 de julho de 1958, por João Gilberto. O baiano sintetizou melodia, harmonia e ritmo numa célula voz-e-violão coesa. Sua principal matriz foi o samba (Ary Barroso, Dorival Caymmi, Geraldo Pereira e outros compositores). Tom Jobim expandiu as possibilidades melódicas e harmônicas da música brasileira. E outros nomes da bossa receberam a influência do jazz.

Manchete
Tom Jobim e Vinicius de Moraes, cena que está em
Tom Jobim e Vinicius de Moraes em cena do documentário 'A Música Segundo Tom Jobim'

Breque- No samba de breque, bem sincopado e bem-humorado, a música é interrompida para que o cantor fale algo ou conte uma anedota relacionada ao tema da letra. O maior representante foi Moreira da Silva (1902-2000), que tinha até um personagem: Kid Morengueira.

C

Calangueado- É o samba parecido com o calango, um gênero rural praticado em Minas Gerais e no interior fluminense. O calango foi uma das matrizes do partido alto, assim como o jongo, outra manifestação de africanos escravizados e seus descendentes, esta com sentido religioso mais forte.

Canção- O samba-canção é o samba lento, o que favorece as letras românticas e tristes. Ficou consagrado que "Ai, Ioiô" (Henrique Vogeler/Luiz Peixoto/Marques Porto/Cândido Costa), também conhecido como "Linda Flor" e lançado em 1928, foi o primeiro- ou, pelo menos, o primeiro a fazer sucesso. O auge se deu nas décadas de 1940 e 1950.

Carnavalesco- Samba feito para o Carnaval, mas sem ter ligação com escolas de samba. Exemplos: "Agora É Cinza", "Ai que Saudades da Amélia", "É com Esse que Eu Vou".

Choro- O samba-choro tem estrutura melódica de choro, mas, por ter letra, tem o samba acoplado no nome.

Chulado- A chula também designa uma dança, mas é como canto, na Bahia, que ela contribuiu para o samba, com suas quadras improvisadas, muitas vezes baseadas em versos da tradição popular. Vem daí a expressão samba chulado.

D

Duro- O samba duro tem ligação com as antigas pernadas, encontros em que batuqueiros tentavam derrubar os oponentes com rasteiras. Depois, virou um dos codinomes do partido alto.

E

Enredo- O samba-enredo se desenvolveu quando as escolas de samba começaram a ter músicas afinadas com o tema dos desfiles. As primeiras experiências são dos anos 1930, e o gênero se firmou na década seguinte.

Estácio- É o samba consagrado como o modelar do país. Nasceu na década de 1920 no bairro do Estácio de Sá, na região central do Rio de Janeiro, com autores e ritmistas como Ismael Silva, Nilton Bastos e Bide. Eles foram descobertos pelo cantor Francisco Alves, que levou as composições para os discos e para o rádio. O sucesso das músicas, aliado ao projeto nacional-popular de Getúlio Vargas, tornou o samba o gênero musical brasileiro por excelência.

Exaltação- O exemplo maior do samba-exaltação é "Aquarela do Brasil", que Ary Barroso (1903-1964) compôs em 1939. Músicas semelhantes foram feitas durante a ditadura do Estado Novo (1937-45), de Getúlio Vargas.

Folhapress
O cantor, compositor e pianista Ary Barroso (1903-1964)
O cantor, compositor e pianista Ary Barroso (1903-1964)

F

Fundo de quintal- As rodas de partido alto costumavam acontecer em quintais, sem preocupações comerciais. O grupo Fundo de Quintal nasceu na quadra do bloco Cacique de Ramos, sob duas tamarineiras.

Funk e soul- A fusão entre o samba e a música negra pop americana começou nos anos 1960 com nomes como Erlon Chaves e o grupo Abolição. Na década seguinte, o samba-funk e o samba-soul ganharam mais força com Banda Black Rio, Carlos Dafé, Jorge Ben Jor, Tim Maia e outros. Ainda se encontram hoje, mas não com assiduidade.

G

Gafieira- É o samba tocado por orquestras populares, com instrumentos de sopro em destaque, para casais dançarem.

H

Histórico- Pode-se dizer dos sambas-enredo que tratavam de fatos da história do Brasil, sobretudo nas décadas de 1940 e 1950.

I

Improviso- É elemento fundamental das tradições do samba, desde as do Recôncavo Baiano (chula, samba de roda) até as consolidadas no Rio de Janeiro, como o partido alto. Participantes de uma roda criam versos na hora.

J

Jazz- É a versão instrumental da bossa nova, com formações semelhantes às do jazz (trios, especialmente) e recursos como o uso do prato da bateria.

Joia- Os termos samba-joia e sambão foram criados para ironizar os sambas românticos e com pouca percussão que fizeram sucesso nos anos 1970. Entre os nomes de destaque estavam Benito Di Paulo, Luiz Ayrão e Agepê.

L

Lenço- O samba-lenço é uma das primeiras formas de samba de São Paulo. Combinava referências afro-brasileiras com as da cultura caipira, em cidades como Pirapora, Tietê e Guaratinguetá.

Lençol- O samba-lençol procura, na letra, dar conta de todo o enredo. Silas de Oliveira (1916-1972), do Império Serrano, foi o mestre maior no ofício.

Manoel Soares/Agência O Globo
O compositor Silas de Oliveira
O compositor Silas de Oliveira

M

Meio de ano- É o samba que não é feito para o Carnaval. Nas escolas de samba, onde virou raridade, também era conhecido como samba de terreiro e samba de quadra.

Morro- A contraposição entre "samba do morro" e "samba da cidade" está na origem do gênero. Noel Rosa (1910-1937) a cita na letra de "Feitio de Oração". Nos anos 1950 e 1960, o morro é exaltado como lugar de resistência cultural e social, como em "Opinião" (Zé Keti).

N

Negro- Embora devesse ser redundante, chamar um samba de negro é um modo de afirmar suas origens africanas.

Novo- Qualquer formato diferente que surja é chamado de novo, com intuito comercial ou não. Um célebre foi o "Samba Esquema Novo", título do primeiro disco de Jorge Ben (depois Ben Jor), de 1963, e que realmente renovou a música brasileira.

O

Onomatopaico- "Bim Bom", "Hô-ba-lá-lá" (ambos de João Gilberto) "Samba Toff" (Orlandivo/Roberto Jorge) e "Tim Dom Dom" (João Mello/Clodoaldo Britto) são alguns dos muitos casos em que sons foram transcritos para letras de samba.

P

Pagode- Era sinônimo de festa em que havia música e comida ou sinônimo de samba. Nos anos 1980, a indústria fonográfica transformou a palavra em rótulo para classificar a geração de Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Jorge Aragão e outros, revelados na quadra do Cacique de Ramos. No final da mesma década, a palavra migrou para conjuntos que apresentam sambas românticos.

Partido alto- Como dissecado no livro "Partido Alto- Samba de Bamba", de Nei Lopes, as origens estão na Bahia (samba de roda, chula etc.) e nas zonas rurais de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro (calango, jongo etc.). A prática se consolidou no Rio entre comunidades de descendentes de africanos escravizados. Consiste, basicamente, em improvisos feitos a partir de um refrão. Podem ser dois desafiantes ou vários em uma roda.

Primeira- Praticado sobretudo na Bahia, o samba de primeira era semelhante ao partido alto, mas ainda sem refrão fixo. O coro repetia os versos entoados pelo solista. Também chamado de samba corrido.

Q

Quadra- O mesmo que samba de meio de ano e uma atualização do samba de terreiro, pois os pisos das escolas de samba foram cimentados.

R

Raiz- O samba de raiz é um termo criado para diferenciar o samba do pagode romântico e, assim, indicar que este é uma invenção comercial, sem ligação com as origens do samba.

Rap- Ambos crescidos em favelas e periferias, o samba e o rap se encontraram a partir dos anos 1990, nos trabalhos de Marcelo D2, O Rappa, Emicida, Rappin' Hood, Criolo e outros.

Reggae- O samba-reggae surgiu nos anos 1980 em Salvador, em função da forte influência do reggae na música da cidade. Blocos tradicionais como Olodum e Ilê Aiyê difundiram o ritmo, inclusive internacionalmente.

Rock- Jorge Ben Jor é tido como o maior expoente do samba-rock, principalmente após começar a tocar guitarra. É uma variação do sambalanço.

Ricardo Borges/Folhapress
Jorge ben Jor em apresentação no Rio de Janeiro
Jorge ben Jor em apresentação no Rio de Janeiro

Roda- O samba de roda é a forma mais conhecida do samba do Recôncavo Baiano. Cantado e dançado em roda, tem estrutura de pergunta e resposta: refrão de um lado, quadras da tradição oral ou improvisadas de outro.

S

Sincopado- Todo samba tem síncope, mas os deslocamentos rítmicos são mais acentuados no samba sincopado. Com sua maneira balançada de interpretar, cantores foram fundamentais para firmar o estilo. Entre eles, Luiz Barbosa, Vassourinha, Cyro Monteiro, Miltinho, Jorge Veiga e João Nogueira.

T

Telecoteco- Sinônimo de samba sincopado, pode ser marcado por caixa de fósforo, tamborim, chapéu de palha e até batida de lápis nos dentes.

Terreiro- Os sambas de terreiro eram feitos nas escolas de samba ao longo do ano, não sendo voltados para o Carnaval. Um compositor ganhava reconhecimento nas agremiações graças a seus sambas de terreiro.

U

Universitário- Samba feito por jovens de classe média. A expressão foi usada no final dos anos 1950 e ao longo dos anos 1960, da bossa nova à consolidação da MPB, fenômeno essencialmente de classe média.

Urbano- O samba urbano se contrapõe às modalidades de samba rural, surgidas no interior do país. Também passou a designar a forma de samba nascida no bairro do Estácio de Sá, no Rio, no final da década de 1920. Contrapunha-se ao samba amaxixado, ainda influenciado pelos estilos do Recôncavo baiano.

V

Vela- Fundada em 2000, a roda do Samba da Vela virou um movimento, reunindo em Santo Amaro, nas noites de segunda-feira, diversos sambistas de São Paulo e estimulando a criação de outras rodas pela cidade. A música começa quando a vela é acesa e termina no momento em que a chama apaga.

Viola- Como ensina Nei Lopes, é um samba do Recôncavo Baiano em que o praticante canta, dança e se acompanha de uma viola.

X

Xiba- Segundo o pesquisador Sílvio Romero, a palavra designava samba no Norte do país. E também é um gênero próprio, cantado e dançado nas áreas rurais do Sudeste.

Z

Zabumba- Praticado no interior de São Paulo, o samba de zabumba é o mesmo que samba-lenço, mas sempre com a presença do instrumento que dá nome ao estilo.

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